O Futuro da Refrigeração

A medida que as cidades se tornam mais populosas e a renda aumenta, especialmente em cidades mais quentes de países emergentes, o consumo de aparelhos de ar-condicionado, e consequentemente de energia, evolui a uma velocidade assustadora, é o que revela o estudo preparado pela Agência Internacional de Energia (IEA) sobre  “O Futuro da Refrigeração”, publicado na última terça-feira (15 de maio).

Segundo dados do estudo, até 2050, o consumo de energia gerado devido ao uso de ar-condicionado no mundo deve mais que triplicar, o significa que a quantidade de aparelhos instalados deve passar de 1,6 bilhões para 5,6 bilhões, ou seja 10 novos aparelhos vendidos a cada segundo pelos próximos 30 anos. No Brasil, este número saltaria de 26 milhões para 165 milhões de unidades de aparelhos de ar-condicionado, um número muito significativo que poderia interferir no consumo de energia, principalmente nos horários de pico.

Crescimento demanda de energia no mundo em 2050

O estudo destaca necessidade de se estabelecer padrões mínimos globais de desempenho energético para os equipamentos de ar condicionado, mostrando que por meio de políticas efetivas é possível reduzir o cenário de consumo de energia em 45% até 2050.

Crescimento demanda energia devido a refrigeração e potencial redução de consumo

“É o mesmo que dizer que o ar-condicionado tende a se tornar um dos principais itens da demanda global por eletricidade”, disse o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol. “Teremos que construir novas usinas e aumentar as emissões de gases de efeito estufa, caso a eficiência energética para sistemas de refrigeração fique aquém do que planejamos, o que será um grave problema para o planeta”, afirmou. Atualmente, cerca de um quinto (1/5) do consumo de eletricidade em edifícios está ligado ao uso do ar condicionado e ventiladores, revela o estudo. Em 2050, porém, os aparelhos de ar condicionado estarão no topo do ranking do consumo de energia, a frente de chuveiros elétricos, eletrodomésticos e demais eletrônicos.

Participação da refrigeração no sistema de eletricidade nos horários de pico

Mesmo que os gases utilizados atualmente em refrigeração, como os hidrofluorcarbonos (HFCs), substitutos dos CFCs, tenham se mostrado inofensivos para a camada de ozônio, eles contribuem bastante para o aquecimento global. O HFC-23, por exemplo, é 11.700 vezes mais potente que o gás carbônico para aquecer o planeta, embora seu tempo de vida seja mais curto e sua presença na atmosfera bem menor.

Um dos maiores estudos sobre o tema, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences no ano passado, revela que em 2040, o aumento do uso de ar condicionado em regiões de clima quente resultará na elevação de 64% do consumo de energia elétrica e um acréscimo anual de 23,1 milhões de toneladas de dióxido de carbono.

Em países como os Estados Unidos e o Japão, mais de 90% dos domicílios possuem ar condicionado atualmente, sendo que somente 8% dos 2,8 bilhões de pessoas que vivem nos locais mais quentes do mundo, possuem o equipamento. Na Índia, um país quente e com alta taxa de crescimento, o consumo de aparelhos de ar condicionado pode exigir grandes investimentos em usinas poluentes. “É preciso ajustar a indústria antes que o consumo exploda”, conclui Birol.

Acesse o estudo completo: The Future of Cooling 

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