O movimento que esta levando à esta tomada de decisão e à regulamentação mais exigente vai de encontro à recente discussão no governo sobre o fim do horário de verão, pois conforme estudo efetuado, a hora adiantada na época mais quente do ano não resulta mais em economia de energia como antigamente, e uma das principais razões disso é a popularização dos aparelhos de ar-condicionado.
Hoje em dia, um condicionador de ar do tipo “split”, precisa ter um coeficiente de eficiência energética (CEE) de, pelo menos, 2,6 para ser comercializado no País, porém em 31 de agosto, foi decido em reunião pelo Comitê Gestor de Indicadores de Eficiência Energética (CGIEE) do MME uma proposta para elevação do índice mínimo exigido desses modelos para 2,81 e, depois, 3,02, em etapas diferentes para fabricantes, atacadistas e varejistas do setor. A proposta também estipula níveis mais exigentes para modelos que, têm baixa representatividade no mercado, como o ar-condicionado de janela.
De acordo com esta nova proposta, todos os equipamentos “split” com CEE abaixo de 3,02 terão de ser retirados do mercado em um prazo de dois anos a contar da data de aprovação da nova regulamentação.
Mas ainda há uma certa discordância quanto a ambição da proposta dentro do próprio comitê do MME. Criador do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Energéticas da Unicamp e representante da academia no CGIEE, Sergio Bajay considera “tímidos” os valores que o colegiado decidiu propor, conforme descrito no Jornal O Estado de São Paulo.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Arnaldo Basile, como a indústria está concentrada na Zona Franca de Manaus, há uma porcentagem de componentes que têm de ser comprados localmente para se ter acesso a incentivos fiscais.
Gilberto Jannuzzi, professor de Sistemas Energéticos da Unicamp, cita México e Índia como países que têm sido mais agressivos no estabelecimento de índices mínimos, e ainda ressalta que a falta de ambição do Brasil contribui para que a infraestrutura de consumo energético do País seja “muito ineficiente”.
O processo que permite que o ar condicionado mais eficiente, ainda precisa passar pelas etapas de consulta pública e de estudo de impacto regulatório, que avalia se a proposta pode encarecer os equipamentos e afetar a demanda de consumidores pelos produtos.
Se as etapas forem concluídas até o fim de novembro, como estão previstas, e os resultados forem discutidos na próxima reunião do CGIEE que acontecerá em 06 de dezembro, o CEE mínimo de 3,02 só entrará plenamente em vigor no começo de 2020, pois os fabricantes, atacadistas e varejista do setor necessitam de um período para se adequarem à nova regulamentação proposta.
Fonte: Jornal o Estado de São Paulo